IETF começa a debater padrões da web para bloquear "scraping" de sites por bots de IA
- Rogerio Meceni
- 11 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de set.
Introdução
A IETF (Internet Engineering Task Force) – grupo responsável por propor e definir protocolos e padrões da internet – está avaliando mecanismos para que donos de sites possam diferenciar e até bloquear o acesso de bots de IA, que hoje coletam textos, imagens e dados para treinar modelos. Sistemas de IA podem se alimentar de dados da internet pela extração ou "scraping" (raspagem) de dados.
Impactos
Caso esse padrão seja adotado, pode abrir caminho para uma internet que passe a diferencie conteúdos para humanos e para máquinas, impondo formas diferentes de tratamento. Isso pode mudar radicalmente a relação entre buscadores, IAs e os sites que produzem informação.
Apesar do debate ser incipiente, sinaliza uma tendência: a era da IA está pressionando a web a se reinventar, equilibrando liberdade, inovação e sustentabilidade econômica.
O que está em jogo
a) Transparência e controle: sites poderiam decidir se permitem ou não que suas informações sejam usadas por IAs, da mesma forma que já fazem com bots de buscadores tradicionais.
b) Economia digital: grandes veículos e criadores de conteúdo temem perder valor se todo seu material for consumido e reproduzido por sistemas de IA sem contrapartida.
b) Inovação x proteção: de um lado, empresas de IA defendem a importância do acesso aberto para melhorar modelos; do outro, produtores de conteúdo reivindicam direitos autorais, remuneração justa e preservação do tráfego direto aos seus sites.
O dilema do amplo acesso aos dados
De um lado, temos as grandes empresas de IA, que defendem o acesso irrestrito a dados como combustível para seus modelos. Sem informação, não há inteligência artificial. Do outro lado, estão jornais, blogs, criadores independentes e plataformas que veem seu conteúdo ser consumido sem autorização e, muitas vezes, sem retorno financeiro.
Enquanto alguns investem tempo, dinheiro e criatividade para produzir conteúdo, outros o utilizam para alimentar sistemas que podem competir diretamente com esses criadores. Sistemas de IA são grandes consumidores de dados disponibilizados na internet.
Conclusão
A discussão é necessária – e urgente, face a diversas questões que tem surgido, como proteção à propriedade intelectual e a monetização de conteúdos disponíveis na internet . A Web não pode ser um grande “self-service” para IA, em que todo conteúdo produzido é apropriado sem limites. Por outro lado, travar demais o acesso pode sufocar a inovação. O ponto de equilíbrio deve ser um modelo em que criadores sejam respeitados e remunerados, mas que a IA também tenha espaço para evoluir.
No fim, a pergunta que merece reflexão é: queremos soluções tecnológicas com harmonia entre IA e criadores de conteúdo, ou uma arena de exploração unilateral?
Até a próxima!

Rogério Meceni
Especialista em tecnologia
Editor técnico do MetaJus






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